[巴西文學小品] 天秤宮零度

Silvano
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(修改过)
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IPFS
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對所有那些依然繼續在嘗試的人,上帝,請灑下你最耀眼的太陽。

Zero grau de Libra

 [巴西]卡約·費爾南多·阿布魯(Caio Fernando Abreu),鄭遠濤 譯

 

太陽昨日進入天秤宮。由於一切皆是儀式,由於信仰總會無中生有,由於天秤宮歸代表感情的金星主管,由於天秤座是他者[1](當你看到並觀察他者,並以某種方式試著與之達成某種和諧的時候),並且主要由於上帝,倘若真有,是極其心不在焉的,所以我決心喚起他對一些事物的注意。倒不是如此可以將厭倦人類的他,從其浩瀚神聖的睡眠中叫醒,而是為了實踐儀式和信仰——也為了祈求,便是徒勞也罷,因為祈求不僅是好的,而且有時沒一件事稱心,能做的唯有祈求。

 值此天秤宮零度,我想祈求我們稱為上帝者向地球這顆行星,尤其是聖保羅這座城市投以善良的目光。讓一個溫暖的目光,投給我剛剛在Majestic電影院拱門下看見的受凍的乞丐;一個慷慨的目光,給前方那光彩照人的新娘。我今天想要上帝善良的目光灑向最艷俗、最假模假樣的染金髮女郎,讓上帝同謀般的目光投向那些金燦燦的珠寶,那些明晃晃的色彩。讓上帝憐憫的目光投向那一對對情侶,每當週末,他們流連餐館吃著披薩配芬達和瓜拿納汽水(guaraná),難得看彼此一眼,一邊說些諸如「你覺得我早該把卡塔里娜的電話給艾麗葉麽?」的話語,換得對方咕噥一聲作答。

 上帝啊,請將你多情的目光,投向所有曾經得到過一種不帶反感也沒有恐懼的愛情的人,他們癡狂地等待著愛情重臨:等電話鈴響,等一封信終於寄來。將你和藹的目光灑向養育在樓宇裏的惡魔小孩,他們在水泥遊樂場上尖叫嬉鬧。照亮那些公務員的日常,或是那些像公務員一般,在走廊上互相擦肩卻對彼此視而不見的——這類地方,又一個活人會慢慢變得和一張桌子同樣有人性。

 用你的倦眼巡視這污濁的城市吧,上帝,把你的手慢慢放在那個夜裏撥打生命熱線的人的頭上。端詳那孑然一身的小子,他將斯汀(Sting)的歌《月照波旁街》(Moon Over Bourbon Street)連放十遍,哭起來。在那些演藝女郎的路上投一個燦爛的光點,她們為了付房租在酒吧裏做女招待辛苦兼職。也看顧冰雹落下之際Mappin百貨公司門廊內的人群,看顧那計程車司機,他坦言自己不再有盼望。關照那個想繪畫的畫家,他不得不在編輯室,在廣告公司裏虛擲才華,也將你的光投射給路上那些只好賤賣文字的作家——看顧所有想過要變得與當下的自己不同、要過另一種人生的人。

 不要忘記那個乘巴士攜鍵琴遠道而來大都市聖保羅演出的男孩子,將你的寬恕揮灑給那些治療工作坊及其人生願景,給那些侷促在美景區(Bela Vista)小公寓裏的失業女子,給癡情求愛而始終無果的同性戀者,給身體半裸的娼妓,給來自黎巴嫩共和國的異裝者,給花園區(Jardins)一帶街邊吃著冷食的大廈門房。給恬不知恥、飢渴和謙卑,給一切不知怎麼沒有成功的人(因為,當此時勢,成功是污穢的),給一切不因任何理由卻繼續嘗試的——給那些在幻夢逐一破滅之中一天天活下來的人。

 對那些有權有勢、熱衷於扼殺別樣夢想的蠢材——不。向他們投射你最無情的目光,上帝,磨礪你的寶劍。在天秤宮零度上,願秤子的重量平衡毫釐不爽於寒鋼閃閃的正義之劍。但是對我們,天天努力不懈且流血也沒有放棄的人,請送來你在天秤宮零度上最耀眼的太陽。微笑吧,祝福我們多情而迷惘的苦難。

——初刊於《聖保羅州》(O Estado de. S. Paulo)報,1986年9月24日。

據As Cem Melhores Crônicas Brasileiras (Joaquim Ferreira dos Santos編, OBJETIVA,2005年) 譯出。感謝葡語老師Eliaquim Sousa答疑。


[1] 天秤宮是黃道十二宮之中唯一不以動物或人類名稱命名的。作者說天秤宮是他者,可能本此。寫過很多星相書的韓良露便認為天秤座是最難了解的星座。

Caio Fernando Abreu (1948—1996)

【附錄】葡語原文 / 英文翻譯

Zero grau de Libra (Zero Degree of Libra)

 Caio Fernando Abreu

Sobre todos aqueles que continuam tentando, Deus, derrama teu Sol mais luminoso.

Upon all those who continue to try, God, pour out your most luminous Sun. 

O Sol entrou ontem em Libra. E porque tudo é ritual, porque fé, quando não se tem, se inventa, porque Libra é a regência máxima de Vênus, o afeto, porque Libra é o outro (quando se olha e se vê o outro, e de alguma forma tenta-se entrar em alguma espécie de harmonia com ele), e principalmente porque Deus, se é que existe, anda destraído demais, resolvi chamar a atenção dele para algumas coisas. Não que isso possa acordá-lo de seu imenso sono divino, enfastiado de humanos, mas para exercitar o ritual e a fé — e para pedir, mesmo em vão, porque pedir não só é bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal.

The Sun entered Libra yesterday. And because everything is ritual, because faith, when it isn’t had, is invented, because Libra is the maximum rulership of Venus, affection, because Libra is the other (when the other is looked at and seen, and in some way an attempt is made to come into some kind of harmony with them), and mainly because God, if there is such a thing, is too distracted, I decided to draw his attention to some things. Not that this can wake him from his immense divine sleep, bored as he is with humans, but to exercise the ritual and the faith — and to pray, even if in vain, because prayer is not only good, but sometimes it is the only thing to do when everything goes wrong.

 

Nesse zero grau de Libra, queria pedir a isso que chamamos de Deus um olho bom sobre o planeta Terra, e especialmente sobre a cidade de São Paulo. Um olho quente sobre aquele mendigo gelado que acabei de ver sob a marquise do cine Majestic; um olho generoso para a noiva radiosa mais acima. Eu queria o olho bom de Deus derramado sobre as loiras oxigenadas, falsíssimas, o olho cúmplice de Deus sobre as jóias douradas, as cores vibrantes. O olho piedoso de Deus para esses casais que, aos fins de semana, comem pizza com fanta e guaraná pelos restaurantes, e mal se olham enquanto falam coisas como: “você acha que eu devia ter dado o telefone da Catarina à Eliete? — e o outro grunhe em resposta.

 In this zero degree of Libra, I’d like to pray to what we call God for a kindly eye on planet Earth, and especially on the city of São Paulo. A warm eye on that shivering beggar I just saw under the marquee of the Majestic cinema; a generous eye for the radiant bride down the street. I’d like the kindly gaze of God poured over the blondes with the fakest bleached hair, the complicit eye of God over the golden jewelry, the vibrant colors. God's pitying eye for these couples who, on weekends, eat pizza with fanta and guaraná in restaurants, and barely look at each other while saying things like: “do you think I should have given Catarina's phone number to Eliete?” — and the other grunts in response.

 

Deus, põe teu olho amoroso sobre todos que já tiveram um amor, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem. Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se verem — nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa.

 God, place your loving eye on everyone who has ever had a love, and in some insane way waits for its return: for the phones to ring, for the letters to finally arrive. Pour your amiable gaze on the demonic children raised in buildings, playing screaming on cement playgrounds. Illuminate the quotidian lives of public servants or those who, just as public servants, pass by each other in corridors without even seeing one another — in those places where another human being gradually becomes as human as a table.

 

Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, na noite, liga para o CVV. Olha bem pelo rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas performáticas que para pagar o aluguel dão duro como garçonetes pelos bares. Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de táxi que confessa não ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, mas gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto — olha por todos aqueles que queriam ser outra coisa qualquer que não a que são, e viver outra vida se não a que vivem.

Pass your tired gaze around the dirty city, God, and slowly rest your hand on the head of the one who, at night, calls the Suicide and Crisis Lifeline. Take a good look at the boy who, all alone, plays Sting’s “Moon Over Bourbon Street” ten times, and cries. Cast a very bright spotlight in the path of the performing girls who toil as waitresses in the bars to pay the rent. Look, too, at the crowd under the Mappin marquee as the hailstorm hurl down, at the taxi driver who confesses that he no longer has any hope. Take care of the painter who’d like to paint, but wastes his talent in newsrooms, in advertising agencies, and shine your light on the path of writers who have to sell their texts cheap — look out for all those who’d like to be something other than what they are, and live another life than the one they live.

 

Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na Capital, deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações da vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis da República do Líbano, sobre os porteiros de prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar-certo), sobre todos que continuam tentando por razão nenhuma — sobre esses que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões.

 Don't forget the boy traveling by bus with his keyboards to perform in the Capital, pour your forgiveness on the therapy groups and their elaborations of life, on the unemployed girls in their small apartments in Bela Vista, on the homosexuals crazy with unrequited love, on half-naked prostitutes, on transvestites from the Republic of Lebanon, on buildings’ doormen eating their cold food in the streets of Jardins. On lack of shame, thirst and humility, on everyone who somehow didn't succeed (because, in this scheme of things, it's dirty to succeed), on everyone who keeps trying for no reason at all — on those who survive day by day the shipwreck of one illusion after another.

 

Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio — Não. Derrama sobre elas teu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo o dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse do zero grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.

 On the powerful morons, eager to kill other people's dreams — No. Throw your most merciless gaze upon them, God, and sharpen your sword. At zero degree of Libra, may the scales weigh exactly in the measure of the cold steel of the sword of justice. But for us, who try so hard and bleed every day without giving up, send your most luminous Sun, the one of zero degree of Libra. Smile, bless our loving bewildered misery.

—   Translated from the Portuguese by Yuantao Zheng, with kindest assistance of Eliaquim Sousa

CC BY-NC-ND 4.0 授权

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Silvano譯書寫字的人,住處毗鄰加州伯克利大學,身在學院外。識得粵國英三語,略知法文。因癡迷巴西音樂,四十歲後始習葡萄牙語,宏願是將Caetano Veloso的回憶錄翻譯成中文。
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